Muito se fala sobre implantes dentários, muitas são as propagandas e o paciente fica sem saber o que é o que não é possível de se fazer. A cirurgiã dentista Alessandra Cohen, especialista em Periodontia, responde algumas questões sobre as quais os pacientes devem estar atentos quando se programarem para este tipo de tratamento.
1- O que é implante dentário?
Implante dentário é um “parafuso” de titânio, geralmente com forma semelhante à raiz dentária. É utilizado, em Odontologia, como suporte para algum tipo de prótese dentária ( ele não é a prótese propriamente dita , e sim um artifício para “substituir” raízes dentárias perdidas ). É instalado no osso do paciente ( na mandíbula/inferior ou na maxila/superior ), abaixo da gengiva. Sobre o implante, o cirurgião-dentista instalará alguma prótese dentária ( esta sim similar aos dentes/coroas perdidos).
2- Todas as pessoas podem fazer implantes dentários?
Em geral, a partir da idade de adultos jovens ( após a finalização do crescimento ósseo, após a adolescência ) até idades avançadas, a maioria dos pacientes pode se candidatar á instalação de implantes ósseo integráveis. O fundamental é um profundo estudo do caso específico do paciente, com exames da cavidade bucal (exame clínico, radiografias, modelos articulados, tomografias ) e de saúde geral ( exames laboratoriais e risco cirúrgico quando necessário ).
3- Quais são os fatores que contra indicam um implante dentário?
Existem contraindicações de ordem absoluta ( que desabilitam o paciente a receber implantes osseointegráveis ) como por exemplo pacientes com história de uso de bifosfonatos (medicamentos inibidores da reabsorção óssea) e de ordem “temporária” como adolescentes antes do “término do crescimento ósseo “ ( após a “finalização” do crescimento estão aptos ), pacientes diabéticos e hipertensos “descompensados” ( após controle podem se candidatar a receberem implantes ).
4- Existe rejeição aos implantes?
Não, pois o titânio ( material de que é feito o implante ) é bioinerte e biocompatível, não causando nenhum tipo de reação ( rejeição ) por parte do osso ou do organismo. Podem haver problemas relacionados ao planejamento pré-cirúrgico( ligado à quantidade ou qualidade óssea ), à cirurgia ( aquecimento ósseo demasiado, uso de instrumentos com afiação deficiente ) ou ainda ao pós-operatório ( infecções e não cumprimento de orientações pós-operatórias) , que podem levar a complicações ou ainda ao insucesso dos implantes.
5- Os implantes importados são melhores que os nacionais?
Não existem dados científicos comparando desta forma implantes produzidos no Brasil com implantes produzidos no exterior. O Brasil se encontra hoje numa posição de um dos maiores fabricantes e também exportadores de implantes osseointegráveis do mundo. Os principais fabricantes de implantes dentários do Brasil desenvolvem projetos de pesquisa e desenvolvimento avançados nesta área, principalmente com grandes centros de pesquisa científica nacionais ( inclusive algumas delas com aprovação dos órgãos de controle americanos e europeus, além da nossa Agência Nacional de Vigilância Sanitária ). Dessa forma os principais fabricantes nacionais produzem implantes e componentes protéticos avançados, com alta tecnologia e que alcançam sucesso similar ao alcançado por qualquer outra empresa internacional fabricante de implantes, geralmente com custo muito mais acessível para ser utilizado no Brasil. Com relação à disponibilidade de componentes que ajudarão a “ construir “ a futura coroa protética, o Brasil ( fabricantes nacionais ) também tem uma enorme gama de produtos ( em padrões similares aos internacionais ).
6 - Pacientes que não tem osso podem receber implantes?
É necessária uma avaliação individualizada de cada paciente e de cada caso. De uma forma geral, existem procedimentos ( enxertos ), que viabilizam a instalação de implantes em pacientes que tem pouca disponibilidade óssea. O material utilizado nestes enxertos depende da avaliação do profissional que irá executá-lo e da quantidade de material necessário para ser enxertado. Para casos de necessidade de pequenas quantidades podemos usar material sintético, de origem bovina, coral ou outros materiais disponíveis no mercado odontológico. Ainda osso de área intra-bucal ( dentro da boca )do paciente, sendo que estes procedimentos podem de uma forma geral, serem realizados em consultório dentário. No caso de necessidade de maiores quantidades, pode ser necessária a utilização de osso de áreas extra bucais, tais como crista ilíaca, tíbia e outros, sendo que estas cirurgias devem ser feitas em ambiente hospitalar com equipe multidisciplinar (cirurgião buco-maxilo-facial, ortopedista e anestesista ).
7 - Qual a taxa de sucesso dos implantes dentários?
A literatura científica relata um índice de sucesso de até 98% de sucesso, ou seja, em cada 100 implantes instalados em geral 98 tem sucesso. Áreas de osso enxertado podem ter uma redução neste índice de sucesso. Pacientes fumantes, diabéticos não compensados, usuários de medicamentos (tais como bifosfonados ) tem um índice de insucesso maior, pois estas situações interferem no processo de osseointegração.
8 - Todas as pessoas podem colocar os implantes e os dentes no mesmo dia (carga imediata)?
Não, pois a seleção do paciente candidato a receber implantes e dentes (coroas protéticas provisórias ou definitivas ) no mesmo dia deve ser bastante criteriosa. Inicialmente deve-se avaliar as condições gerais de saúde do paciente assim como a quantidade e qualidade óssea da região que irá receber o implante. Ainda é importante avaliar se ainda há elemento dentário neste local (que pode ser removido no mesmo momento da instalação do implante ou em etapas diferentes dependendo da avaliação anterior e durante a cirurgia ). Também é importante a avaliação das arcadas e da oclusão (mordida) deste pacientes. Atualmente podemos, em casos selecionados, instalar implantes“ em carga ou provisório estético imediato “ em inúmeras situações tais como: arcadas totais superiores e/ou inferiores, dentes anteriores e dentes posteriores.
9 - Quantos implantes são necessários em um paciente que não tem nenhum dente?
De 2 para reter uma prótese removível retida por implantes/sobre dentadura ( similar a uma dentadura/prótese total ), 4 a 6 para uma prótese fixa retida por implantes no arco inferior ( mandíbula ), 6 a 8 para uma prótese fixa retida por implantes no arco superior ( maxila), ou até um implante para cada elemento dentário perdido podendo se fazer coroas protéticas individualizadas ( dentes separados ), em casos selecionados.
10 - Quais são as etapas de trabalho?
Iniciamos com seleção do paciente e planejamento protético-cirúrgico (necessariamente nessa ordem), no qual utilizamos radiografias, tomografias, modelos articulados, exames da arcada bucal e de saúde geral . Também é fundamental o esclarecimento integral do paciente em relação ao tratamento proposto e o entendimento por parte do cirurgião-dentista quanto às expectativas do paciente ( se podem ser alcançadas tanto quanto à estética, quanto à função , como por exemplo a execução de coroas/dentes separados ) . O passo seguinte é a cirurgia (instalação dos implantes no osso). Em alguns casos não há necessidade de enxertos, em outros há necessidade colocação de enxertos juntamente aos implantes e outros em que a colocação de enxerto deve ser prévia à instalação de implantes. Algumas destas situações obrigam a no mínimo 2 etapas cirúrgicas. Em seguida é o momento da instalação de coroa protética provisória e/ou definitivas (dente). Nos casos de “carga/função imediata “a prótese pode ser colocada no momento da cirurgia ou em até sete dias. Caso não seja possível este tipo de tratamento, pode ser necessário aguardar em média (normalmente utilizando próteses provisórias) 2 a 3 meses na região inferior ( mandíbula ) e de 4 a 6 meses na região superior ( maxilar ) .
11 - Dói colocar implantes?
O procedimento de colocação dos implantes não gera dor e é feito sob anestesia local ( tal como em outros tratamento dentários ). Caso não haja extrações ( remoção de dentes ou cirurgias mais complicadas ) no momento da instalação dos implantes, o paciente tem um pós-operatório muito confortável. Normalmente são prescritos antibióticos, anti-inflamatório e analgésicos que controlam bem todos esses sintomas. O paciente deve repousar de 24 a 72 horas ( dependendo da extensão do procedimento ), seguir estritamente ás recomendações feitas pela equipe que o atende e voltar de forma moderada ás suas atividade diárias.
12 - Qual a maior novidade em implantes dentários?
Esta área está sempre com novidades e em evolução constante. As mais atuais são técnicas que permitem, em casos selecionados, instalar implantes quase sem cortes com a utilização de guias prototipados (impressos em #D), o que gera um pós-operatório ainda mais confortável. Coroa protéticas que podem ser executadas em impressoras 3D/fresadoras que diminuem o tempo de tratamento e aumentam a precisão dos trabalhos e ainda novos tipos de implantes que vem diminuindo drasticamente o tempo de espera para a colocação das próteses definitivas.
Serviço:
Dra. Alessandra Cohen – Odontologia Especializada
Endereço: Rua Visconde de Pirajá, 259, C 01 – Ipanema
Telefone: (21) 2287-2793/ (21) 2513-45096
www.alessandracohen.com.br
Comentários
Postar um comentário