Não tratamento do diabetes provoca mutilações, alerta especialista






A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o Diabetes Mellitus (DM) como a pandemia a ser combatida no século XXI e pede aos pacientes, familiares e gestores públicos ou privados, um maior direcionamento e atenção para ações de prevenção e tratamento da doença. Hoje, o Brasil possui, em cálculo pela IDF, cerca de 16 milhões de portadores diabéticos e é o 4º país do mundo em portadores da doença. 


Para esclarecer a população sobre o diabetes e suas complicações, a Associação Carioca de Diabetes (ACD), a mais antiga do Rio de Janeiro, fundada em 1957, realiza de 12 a 15 de novembro, a 11ª Semana de Atenção ao Diabético do Rio de Janeiro, com o tema “Vida Saudável e Diabetes”, que prega a prevenção da Diabetes e de suas complicações pela mudança do estilo de vida e monitorização constante do paciente diabético focando, este ano, especialmente na saúde da mulher. 



Segundo o cirurgião vascular, Jackson Caiafa, Presidente da Associação Carioca de Diabéticos do Rio de Janeiro, o Diabetes Mellitus é uma doença crônica não transmissível, de prevalência muito alta e que gera, se não descoberta precocemente e tratada de forma adequada, complicações muito frequentes e incapacitantes. 


“Entre essas complicações destacam-se a Nefropatia Diabética (maior causadora de Insuficiência Renal no mundo), a Retinopatia Diabética (maior causadora de cegueira em adultos no mundo) e as complicações dos membros inferiores, chamadas de Pé Diabético (maior causa de amputações não traumáticas dos membros inferiores no mundo)” explica o médico esclarecendo que todas essas complicações são potencialmente evitáveis pelo cuidado preventivo e pelo tratamento precoce e adequado.


Ainda de acordo com Jackson Caiafa, o Pé Diabético é responsável por 40.000 a 50.000 amputações maiores (ao nível da perna ou da coxa) no Brasil anualmente, uma verdadeira legião de mutilados, vítimas do descaso governamental que não propicia aos diabéticos a prevenção e a atenção terapêutica necessária. “O paciente diabético que sofre uma amputação tem em média mais cinco a seis anos de vida. Isto porque ele já possui comprometimento de órgãos vitais, como os rins e o coração”. 


Abaixo, o especialista fala sobre a Semana de Atenção aos diabéticos, a doença, como se prevenir e reeducar a alimentação: 


Como será a 11ª Semana de Atenção ao Diabético no Rio de Janeiro?
Jackson Caiafa: Toda a programação da 11ª SAD-RJ (Semana de Atenção ao Diabético) é organizada pela ACD com o intuito de informar a população e conclamar os profissionais de saúde e os gestores de saúde brasileiros a multiplicarem seus esforços na direção de um tratamento mais justo e equânime dos diabéticos brasileiros, hoje em um número calculado em cerca de 16 milhões de portadores. Reconhecendo a gravidade e a extensão do problema, a ONU (Organização das Nações Unidas) definiu, em 1991, em Assembleia Geral, a data de 14 de novembro como o Dia Mundial do Diabetes com o intuito de conscientizar o público em geral para as causas, sintomas, complicações e tratamento dessa doença, que é considerada hoje um problema maior de saúde pública.

Este ano teremos, no dia 15, entre o Leme e o Posto 2 em Copacabana, uma Caminhada Azul, além de uma Pedalada Azul entre a Ilha do Governador e Copacabana. Essas ações serão seguidas de uma Campanha de Saúde onde diversos profissionais voluntários oferecerão serviços como aferição da pressão arterial, exame dos pés dos diabéticos, teste de glicemia, antropometria, entre outros. Folders e livretos informativos sobre a doença e suas complicações serão distribuídos. 



Em 2017, o tema da campanha do Dia Mundial do Diabetes é: “Uma vida saudável e diabetes” e estaremos focados na saúde da mulher. 


Quais são as principais recomendações para quem já tem a doença? E para evitá-la?
As principais recomendações para quem já sabe que é diabético inclui, além do uso dos medicamentos prescritos pelo endocrinologista do paciente, a manutenção do controle glicêmico através de medições diárias com os glicosímetros, a ingestão de dietas balanceadas específicas para cada caso e a consulta regular com a equipe médica multidisciplinar responsável com a finalidade de prevenir as complicações do diabetes. Esta equipe multidisciplinar deve atender ao diabético de forma integral, ou seja, ajustando periodicamente os medicamentos, aconselhando a dieta apropriada, promovendo o exercício físico adequado e examinando regularmente os olhos, coração, rins e pés, que constituem os pontos mais frágeis do organismo que sofre pelo excesso de glicose. Para evitar o diabetes é importante evitar o excesso de peso e a alimentação saudável, pois a obesidade é uma importante causa do diabetes.


O senhor destaca algum item a ser observado?
Em destaque está o aumento da circunferência abdominal nem sempre associada à obesidade. É aquela barriguinha pronunciada, chamada pelos médicos de adiposidade visceral. A gordura instalada nas vísceras, pode ocasionar a resistência insulínica, que a médio prazo danifica as células produtoras de insulina, acarretando o diabetes tipo 2, grande responsável pela verdadeira epidemia mundial de diabetes. Portanto, é através da dieta saudável e dos exercícios regulares que se consegue prevenir ou retardar o aparecimento dessa doença. 


Como a alimentação é fator de peso no combate à diabetes, como mudar os hábitos alimentares gastando pouco?
Realmente a dieta inadequada é a maior causa da epidemia do diabetes, juntamente com o sedentarismo. É atribuído ao excesso de consumo de refrigerantes adocicados e das batatas fritas e dos “fast foods” como os alimentos insalubres mais marcantes do perfil alimentar atual. O paladar das pessoas é estabelecido na infância. O cérebro aprende quando se associa o sanduíche com a alegria e o refrigerante com a festa. Portanto, para mudar as escolhas alimentares é necessário mudar o condicionamento do paladar das crianças de hoje para que façam escolhas saudáveis quando forem adultas. Cada mãe de hoje tem que estimular o consumo dos alimentos saudáveis para seus filhos. Temos que salvar a próxima geração.


Serviço: 

Dr. Jackson Caiafa - Presidente da Associação Carioca de Diabéticos do RJ 
Contato: (21) 99981-1038



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